Filed under: Beleza Pelotense | Tags: azulejos, cerâmica, charque, Portugal, portugueses, riqueza
A zona litorânea do Rio Grande do Sul não foi a primeira a ser ocupada, mas a mais densamente povoada durante o século XIX. Ela caracterizou-se pelas áreas aluvonais do litoral, composta pela Lagoa dos Patos e Mirim e seus rios e canais adjacentes.
Desde o Tratado de Santo Idelfonso, as terras compreendidas entre o Oceano Atlântico e as lagoas Mirim e Mangueira, no sul do Continente Americano, chamadas Campos Neutrais formaram um cinturão desértico para proteção das duas coroas ibéricas. Por isso essa região caracterizou-se como “terra de ninguém”, alvo de bandoleiros, contrabandistas e estancieiros com seus peões, além do trânsito de tropas.
A então sesmaria de Pelotas era dividida em muitas estâncias, em sua maioria voltadas à pecuária, evoluindo posteriormente para a manufatura do charque. Para se ter uma idéia, em 1861 matou-se 470 mil cabeças de gado em Pelotas¹. Uma das maiores concentrações de exploração escravagista era feita na cidade.A história conta que o Canal Santa Bárbara era vermelho de sangue, bem como os escravos e o solo das fazendas.
Em Pelotas, no final dos Oitocentos, houve ascensão da produção do charque e o progresso econômico se fez sentir no núcleo urbano, iniciando uma fase de grandes manifestações artísticas, com grandes obras plásticas e arquitetônicas.
É sob este pano de fundo que inúmeros painéis em azulejo, pintados em Portugal, foram trazidos para Pelotas pelas ricas famílias da época. A cidade, que contém um dos mais bem preservados centros urbanos, é ricamente ornamentada com essas obras de arte.
Recentemente a fotógrafa e Artista plástica Rejane Botelho e a Doutor em História da Arte pela Universidade do Porto Ana Margarida Portela lançaram o excelente “Fatos que contam uma história de Portugal em Pelotas”, pela editora e Gráfica Universitária PREC-UFPel.
O livro conta com 176 páginas ricamente ilustradas e coloridas com fotos dos painéis e esculturas em cerâmica da cidade de Pelotas. Ele está à venda nas principais bancas de revistas da cidade e vale cada centavo investido.
Links relacionados:
– Instituto Portucale de Cerâmica Luso-Brasileira
– Rejane Botelho (Agência da Arte – Pelotas)
– Fábrica de Cerâmica das Devesas – Património em risco
¹MAGALHÃES, Mário Osório. Opulência e Cultura na Província de São Pedro do Rio Grande do Sul: Um estudo sobre a cidade de Pelotas (1860-1890). Pelotas: Edufpel, 1993.
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